
Estudo liderado pela Gulbenkian mostra que os rins têm um papel determinante no armazenamento e redistribuição do ferro no organismo durante uma infeção por malária, o que pode ser crucial para o desfecho da doença.
Uma nova descoberta científica realizada pelos investigadores do Instituto Gulbenkian da Ciência revelou que os rins desempenham um papel fundamental na luta contra a malária, sendo um fator decisivo para a sobrevivência dos doentes infetados. De acordo com os especialistas, o órgão é responsável pelo armazenamento e redistribuição do ferro no organismo, o que impede que o corpo sucumba ao parasita invasor.
Estas conclusões surgem de um estudo realizado em 400 doentes com malária no Hospital Josina Machel-Maria Pia, em Angola, país onde a principal causa de morte é a malária. Os resultados indicam que a insuficiência renal aguda e a anemia, quando ocorrem em simultâneo, aumentam consideravelmente o risco de morte dos pacientes.
Publicada na revista Cell Reports, a investigação tem implicações importantes para o prognóstico dos doentes infetados e para o desenvolvimento de terapêuticas mais eficazes e dirigidas de forma personalizada, o que poderá vir a colocar um travão no número de mortes por malária.
O estudo resultou de uma colaboração com Euclides Sacomboio, um investigador angolano que se juntou ao grupo de Inflamação no IGC através do programa “ENVOLVE Ciência PALOP” da Fundação Calouste Gulbenkian. O estudo foi realizado em colaboração com o Instituto de Ciências de Saúde, em Angola, a Medical University of Innsbruck, na Áustria, o Paris Cardiovascular Center (PARCC), em França, e o The First Affiliated Hospital, Zhejiang University School of Medicine, na China.
O trabalho dos investigadores da Gulbenkian foi financiado pela Fundação para a Ciência e para a Tecnologia, os Oeiras-ERC Frontier Research Incentive Awards, a Fundação La Caixa e apoiado pelo programa “ENVOLVE Ciência PALOP”. Estas descobertas podem ser um marco importante para a luta contra a malária, especialmente em países onde a doença é uma das principais causas de morte, como é o caso de Angola.