O teste, aplicado diretamente em amostras de saliva, utiliza uma tecnologia que permite, através de uma mudança de cor visível a olho nu, saber em 30 a 60 minutos se uma pessoa está ou não infetada com o SARS-CoV-2.
Uma equipa de investigadores do Instituto de Tecnologia Química e Biológica da Universidade Nova de Lisboa (ITQB NOVA) desenvolveu um teste que permite identificar, de forma rápida e a um custo reduzido, se uma pessoa foi ou não infetada pelo vírus SARS-CoV-2. O teste de diagnóstico foi desenvolvido em parceria com o Laboratório de Bromatologia e Defesa Biológica do Exército e o Hospital da Forças Armadas.
Aplicado diretamente em amostras de saliva, este teste utiliza uma tecnologia que permite, através de uma mudança de cor visível a olho nu, saber em 30 a 60 minutos se uma pessoa está ou não infetada com o novo coronavírus.
“Se a reação tiver resultado rosa, o teste é negativo. Se for amarelo, é positivo”, refere o ITQB NOVA em comunicado, destacando que a “rapidez, sensibilidade, facilidade de colheita e custo reduzido, tornam este teste particularmente adequado ao despiste de infeção por SARS-CoV-2 em locais como aeroportos, lares e escolas”.
A recolha é feita pela pessoa, que cospe a saliva para um recipiente, dispensando o uso de zaragatoas e o recurso a pessoal especializado.
Foi anunciada a realização de um primeiro rastreio-piloto com este teste a ser feito esta sexta-feira com voluntários do ITQB NOVA, anunciou a instituição. Mas para que possa ser usado pela população, o teste terá ainda de ser validado e aprovado pelas entidades competentes.
Com a testagem direta das amostras de saliva é possível detetar, em cada teste, “menos de 100 cópias do vírus”, com “uma sensibilidade de 85%”, o que explica o IQTB NOVA permite “avaliar a infecciosidade da pessoa no momento”. Já se for extraído, em complemento, material genético do SARS-CoV-2 da saliva, a sensibilidade do teste aumenta para 100%, acrescenta.
“Por um valor inferior a um único teste convencional de RT-PCR é possível, por exemplo, testar uma turma inteira de alunos” explica Catarina Pimentel, que lidera a equipa de investigadores que criou este teste.
A utilização da saliva como meio de diagnóstico da COVID-19 está também a ser estudada pelo Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), em colaboração com os hospitais Dona Estefânia, em Lisboa, e Amadora-Sintra.
O ITQB NOVA e o IGC estão envolvidos em vários projetos no âmbito do combate ao novo coronavírus. Integram, nomeadamente, o consórcio Serology4COVID, que desenvolveu um teste serológico que está perto de chegar ao mercado e que foi desenvolvido com o apoio financeiro de 100 mil euros por parte da Câmara Municipal de Oeiras.
Este financiamento insere-se no âmbito da estratégia Oeiras Ciência e Tecnologia 2020-2025 que traduz o compromisso do Município com o desenvolvimento de uma agenda territorial que pretende tornar Oeiras líder na ciência e inovação em Portugal. Ao abrigo desta estratégia, o Município de Oeiras já investiu perto de 1,8 milhões de euros (1.779.462 euros).