O laboratório de Biologia Molecular do INIAV, em Oeiras, é fundamental para a caracterização e certificação das diferentes tipologias de culturas agronómicas e florestais em Portugal.
O Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), no qual está inserido o laboratório de Biologia Molecular, sediado em Oeiras, é um dos principais catalisadores na conservação e melhoria do património genético nacional.
O trabalho desenvolvido no laboratório incide principalmente na caracterização e certificação das diferentes tipologias de culturas agronómicas e florestais em Portugal, e ainda na investigação e desenvolvimento na área da Genética Molecular ao nível animal, vegetal e microbiano.
Conheça melhor o laboratório de Biologia Molecular, através das palavras de José Matos, o “Rosto da Ciência” responsável pela unidade no INIAV.
O que nos pode contar sobre a história do laboratório de Biologia Molecular no INIAV?
A origem do laboratório de Biologia Molecular da Unidade Estratégica de Biotecnologia e Recursos Genéticos do INIAV remonta ao anterior Instituto Nacional de Energia, Tecnologia e Inovação (INETI), cuja equipa foi deslocada do campus do Lumiar para o Instituto Nacional de Recursos Biológicos (INRB). Em 2010, o laboratório de Biologia Molecular transitou para o concelho de Oeiras e, desde então, está sediado no Edifício Florestal do campus do INIAV-Oeiras.
Esta unidade trabalha essencialmente com material genético (DNA e RNA), designadamente na investigação e desenvolvimento (I&D), e serviços na área da Genética Molecular, ao nível vegetal, animal e microbiano. O trabalho é realizado em estreita articulação com todas as Unidades de Investigação do INIAV.
Quais são os propósitos e mais-valias da existência do laboratório de Biologia Molecular do INIAV?
O INIAV é um laboratório de investigação do Ministério da Agricultura que trabalha, nas suas diversas vertentes, a conservação e a melhoria do património genético nacional.
A biologia molecular é uma área da ciência e da tecnologia que contribui para a caracterização e certificação das diferentes tipologias de culturas agronómicas e florestais em Portugal, evidenciando pistas para a melhoria desses ecossistemas com base nas suas caraterísticas genéticas.
Podemos afirmar que a verdadeira mais-valia deste laboratório é a sua transversalidade. Esta característica permite ao laboratório trabalhar em colaboração com diferentes áreas de conhecimento, potenciar o trabalho dos nossos colegas, nas Unidades de Investigação do INIAV, e ainda disponibilizar serviços no setor privado.
Quais são as principais iniciativas que o laboratório de Biologia Molecular do INIAV está a desenvolver?
O laboratório trabalha essencialmente na caraterização genética de variedades de culturas: cereais, pereiras, macieiras, sobreiro, oliveira, entre outros. Com base no conhecimento das espécies e das suas variedades ao nível molecular, desenvolvemos estratégias para o seu melhoramento genético em termos das características que sejam vantajosas para o agricultor e para o consumidor, tais como aumento do rendimento da cultura, a tolerância a doenças e pragas, e resiliência face às alterações climáticas, entre outras.
Embora o laboratório esteja inserido numa Unidade Estratégica que visa o melhoramento de plantas, presta igualmente serviços no domínio animal (fruto da carteira de serviços existente no INETI) como, por exemplo, testes de paternidade e perfis genéticos em cães e em mamíferos marinhos (golfinhos, orcas, etc.) a pedido de médicos veterinários nacionais e internacionais.
Quais as vantagens do trabalho em parceria com Oeiras?
Oeiras tem uma característica única no país, na medida em que existe uma enorme concentração de infraestruturas e recursos humanos em investigação que são dificilmente igualáveis, com instituições como o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, o Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier, o Instituto Gulbenkian de Ciência e o Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica.
O ecossistema de investigação no concelho permite a manutenção de uma colaboração estreita entre investigadores e instituições do ensino superior, no estabelecimento de parcerias em projectos de investigação e na partilha de serviços e infraestruturas no âmbito da Agrotech.
A investigação é, cada vez mais, um trabalho de equipa e não um trabalho solitário. Pretende-se que as equipas de investigação funcionem em torno de redes de colaboração para potenciar a multidisciplinaridade e partilha de conhecimento.
A equipa do nosso laboratório garante a multidisciplinaridade através da integração de técnicos e investigadores com diversas formações académicas (Biologia, Bioquímica, Biotecnologia, Química, Agronomia, entre outras). A proximidade das instituições acima referidas, bem como a outras Universidades de Lisboa, facilita o estreitamento dessa rede de contactos e colaborações.
Qual é o balanço que faz da sua experiência no laboratório de Biologia Molecular do INIAV e como perspetiva o futuro da unidade?
A transferência deste grupo de trabalho para o polo de Oeiras do INIAV foi muito positiva. Dispomos de excelentes instalações laboratoriais que reúnem as condições para o desenvolvimento do nosso trabalho e atualização de conhecimentos para novas áreas de agricultura e veterinária. A transição permitiu igualmente o contacto e criação de sinergias de colaboração fundamentais com outros campos de investigação e serviços.
O futuro desta unidade, como o de muitas outras unidades de investigação em Portugal, está dependente da renovação de equipas, fator que contribui para a geração de novos conhecimentos e tecnologias. O nosso laboratório incentiva uma contínua formação avançada dos seus técnicos, bem como a formação e preparação de jovens para futura integração como profissionais.
Consideramos fundamental a abertura da ciência à comunidade escolar. Com o objetivo de aproximar o conhecimento científico aos estudantes, o laboratório está sempre aberto a visitas de Escolas do Ensino Básico, Secundário e Superior. Recebemos continuamente jovens formandos de licenciatura, mestrados e doutoramentos de Universidades e Politécnicos, estudantes em atividades Ciência Viva e de outras iniciativas, e proporcionamos treino para jovens que participam em competições científicas internacionais (EUSO – European Union Science Olympiad; IBO – International Biology Olympiad).
O laboratório promove ainda a divulgação e demonstração da ciência junto da comunidade, em atividades como “O Dia do Fascínio das Plantas”, “A Noite Europeia dos Investigadores” ou o “FICA – Festival Internacional de Ciência de Oieras”.
O futuro das instituições está na mão dos jovens e, por isso, contribuímos para que também eles se sintam motivados para uma área da investigação imprescindível à sustentabilidade do património genético nacional, como a aplicação da biologia molecular à investigação agrária. Pretendemos contribuir para que os jovens adquiram a melhor formação possível na nossa área de trabalho, salientando a importância da valorização e conservação dos Recursos Genéticos Nacionais.