O InnoValley é a unidade de apoio à Inovação que pretende dotar o IGC e o ITQB NOVA de todo o apoio profissional necessário para que a investigação científica criada possa ser transferida para a sociedade e para o mercado.
O InnoValley é o centro de inovação conjunto do ITQB NOVA e do Instituto Gulbenkian Ciência, criado com o apoio do Município de Oeiras.
Este projeto, pioneiro em Portugal, vai alavancar potenciais projetos de investigação científica e dinamizar a transferência de tecnologia de ambos os institutos científicos para o mercado, capacitando os investigadores dos conhecimentos e ferramentas necessárias para desenvolver os seus projetos.
Conheça melhor o InnoValley através das palavras de Marta Ribeiro, o “Rosto da Ciência” que coordena esta iniciativa e que pretende tornar a transferência de tecnologia em Oeiras num caso de sucesso ao nível internacional.
Quando e em que contexto surgiu o conceito do InnoValley?
O conceito do InnoValley e a criação da Unidade com o mesmo nome surgiu como resposta à ambição e estratégia partilhada entre o Instituto Gulbenkian Ciência, parte da Fundação Calouste Gulbenkian, o Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier, parte da Universidade NOVA e a Câmara de Oeiras, para alavancar a investigação de excelência existente no Concelho e criar uma estrutura que possibilite transformá-la em novas tecnologias e inovações com potencial de chegar ao mercado.
Nesta ligação ao mercado, é de salientar a concentração de empresas de saúde e tecnologia da região, com as quais ambicionamos ter uma relação particularmente próxima, no sentido de criar um ecossistema forte ao longo de toda a cadeia de valor. Queremos contribuir para criar uma marca de inovação para a região.
Quais são os propósitos e mais-valias da existência do InnoValley?
A existência do InnoValley como unidade de apoio à Inovação segue a melhor prática internacional com o objetivo de dotar ambos os institutos (IGC e ITQB NOVA) de todo o apoio profissional necessário para que a investigação criada possa ser transferida para a sociedade e para o mercado, de forma a ter um impacto positivo na vida dos cidadãos. Queremos tirar a ciência do laboratório e trazê-la para o “mundo real”.
Por outro lado, a unidade deve funcionar também como a porta de entrada para parceiros industriais, clínicos, investidores, entre outros, que queiram desenvolver algum tipo de projeto com os institutos. Temos todo o interesse em discutir colaborações com potenciais parceiros.
Quais são as principais iniciativas que o InnoValley irá desenvolver?
As atividades do InnoValley dividem-se entre o que chamamos de facilitadoras e resultados. As primeiras são atividades base que sustentam a unidade e criam as condições para termos os resultados, que são mais relacionados com os típicos indicadores de performance. Dentro do primeiro grupo temos a comunicação interna e externa, incluindo uma relação muito próxima com os investigadores e staff científico no geral, o estabelecimento e comunicação de regulamentos e procedimentos bem definidos, nomeadamente uma política de propriedade intelectual e distribuição de lucros, e a criação de um mecanismo de financiamento interno para provas de conceito (PoC), cuja primeira edição será lançada brevemente.
O PoC pretende financiar projetos que mostraram resultados promissores e que precisam de mais alguma validação para gerarem o interesse de parceiros industriais ou a criação de novas empresas spin-offs, e/ou a submissão de patente. Já nos resultados, para além da criação de patentes, negociação e gestão das mais variadas colaborações com a indústria e outros stakeholders, acordos de licença e criação de novas empresas, temos a cocriação com parceiros industriais num espaço de laboratório partilhado.
Quais são as expetativas dos investigadores e colaboradores do InnoValley quanto à criação deste novo projeto?
Muitas vezes os investigadores têm interesse em intervir mais nesta área, mas falta-lhes o tempo e os conhecimentos específicos para que essas iniciativas sejam bem-sucedidas, o que acaba por gerar alguma desmotivação. O InnoValley vem preencher essa lacuna, ao oferecer um serviço tailor made para cada situação e projeto específico. Penso que o trabalho desenvolvido durante o ano e meio de vida da unidade deixou claro o benefício e mais valias que uma estrutura deste tipo pode trazer, quer a nível institucional, quer a nível individual para os investigadores.
Conseguimos transformar algumas características da situação de pandemia em oportunidades de inovação com impacto imediato, que foram muito bem recebidas pela sociedade. Saliento, como exemplo, o acordo de licença da tecnologia do teste serológico para SarsCov-2 à empresa farmacêutica Medinfar. Esta tecnologia foi desenvolvida no contexto de um consorcio académico liderado pelo IGC, onde o ITQB NOVA foi também parceiro.
Que balanço faz da valorização da ciência em Oeiras e como perspetiva o seu futuro?
O início deste projeto está a ser positivo e continua a haver muitas oportunidades com potencial para serem trabalhadas e exploradas. Um fator relevante para se fazer este trabalho é a excelência científica, que existe sem dúvida. Outro fator chave é o ecossistema em que nos encontramos e a esse nível temos de reconhecer que ainda não temos a riqueza que existe, por exemplo, em Londres ou Barcelona. Mesmo quando olhamos internacionalmente para casos de sucesso, percebemos que iniciativas semelhantes foram resultado de um processo de vários anos e muito investimento.
Eu diria que o futuro tem tudo para ser risonho: os vários intervenientes estão cada vez mais conscientes da importância da inovação de base académica e esta iniciativa fantástica entre o IGC e o ITQB NOVA, com financiamento da Câmara Municipal de Oeiras, é um bom exemplo disso.