
Nuno Charneca, Engenheiro Biofísico, doutorado em Engenharia Geográfica e Geoinformática. Pós-doutorado do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC). Diretor da InovLabs – Tecnologias para Educação. Professor Convidado da Universidade de Coimbra e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Como surgiu a ideia de criar a InovLabs?
A ideia surgiu com o objetivo de proporcionar à comunidade educativa de Oeiras ferramentas e metodologias que contribuíssem para preparar melhor os nossos estudantes do ensino básico e secundário para os desafios académicos e profissionais que enfrentarão no seu futuro.
Durante uma carreira dedicada à investigação na área da engenharia no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) percebi que gostaria de contribuir para melhorar a preparação dos nossos estudantes em matérias associadas à Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática.
Quais são os principais objetivos do projeto?
O principal objetivo foi ajudar a aperfeiçoar um conjunto de competências nos nossos estudantes. Para isso elegemos um conjunto de tecnologias, como: a programação; eletrónica; robótica e modelação 3D, a partir das quais preparámos um conjunto, já bastante extenso, de atividades que adaptámos aos conceitos abordados nos currículos oficiais dos vários anos de escolaridade e de forma multidisciplinar. Foi assim que surgiram projetos como os carros elétricos solares, planos inclinados com portas laser para estudo dos movimentos uniformemente acelerados ou ainda um forno solar inteligente que funciona de dia e de noite, entre muitos outros.
A par destas tecnologias preocupámo-nos em definir claramente um conjunto de competências que sugerimos trabalhar numa estratégia de aprendizagem por projeto (aprender fazendo). Assim, os estudantes e professores que apoiamos, trabalham connosco, quer em sala de aula, quer em espaços de Clube de Ciência ou temáticos, para executar projetos com cariz técnico-científico. Procuramos qualificar os nossos estudantes exercitando competências como: a Criatividade, a Autorregulação, a Comunicação, o Pensamento Criativo e Resolução de Problemas.
Também as Artes e a Comunicação de Ciência não foram esquecidas e por isso integrámos na equipa essas capacidades de comunicação e produção gráfica, e que os nossos estudantes souberam aproveitar muito bem. Por isso o projeto passou a apoiar, nos últimos anos, a produção gráfica para execução de posters científicos, apresentações e a identidade gráfica de projetos educacionais.
Qual o feedback que recebe nas escolas, de professores e alunos?
O que sentimos nas escolas é que os estudantes adoram aprender de uma forma prática e perceber claramente como se aplicam os conceitos que estudam nas várias disciplinas. Sentimos que os professores contam muito connosco para conseguirem conceber e implementar esta estratégia de aprendizagem por projeto e para proporcionarem aos seus estudantes a possibilidade de acederem a equipamento técnico específico e a participarem em mostras de ciência e tecnologia, bem como em competições com fins educacionais. Estas são oportunidades únicas para que os estudantes possam explicar os seus projetos e inspirarem-se noutros que os seus colegas desenvolveram. São também experiências de crescimento pessoal que tentamos que cheguem ao maior número de estudantes possível; porque sabemos que os fazem crescer como cidadãos ativos e responsáveis.
Que contributo é que espera que a InovLabs dê à sociedade e ao futuro dos jovens?
Tentamos que o nosso contributo seja realmente multifacetado. Os estudantes são o nosso foco principal, procurando permanentemente inovar e melhorar a sua experiência de aprendizagem. Por outro lado, o contributo aos professores, aos quais procuramos apoiar e inspirar com projetos inovadores, e formar tecnicamente para que tenham progressivamente mais autonomia para gerirem os seus projetos.
Temos também participado em iniciativas de Ciência Cidadã e tentado inspirar outros territórios com os bons exemplos que temos tido o privilégio de implementar em Oeiras.
Com os projetos de investigação e desenvolvimento que promovemos, procuramos permanentemente melhorar a capacidade técnica e científica da equipa. Para esta missão contamos também com um grupo de parceiros com os quais partilhamos conhecimento e tecnologia, promovendo assim um crescimento mútuo.
Qual a sua opinião sobre o
investimento do Município de Oeiras na Ciência, na Inovação e na Tecnologia?
O investimento do Município de Oeiras na Ciência, na Inovação e na Tecnologia tem sido absolutamente crucial para elevar o nível de aprendizagens e aumentar a quantidade e qualidade das experiências e promoção do conhecimento a que as nossas escolas têm tido acesso. Esse investimento tem um enorme impacto na vida diária da nossa comunidade e sentimos que estamos a cumprir a nossa missão como professores, mentores e inspiradores de carreiras de base científica e tecnológica com vista à inovação. Considero que esse investimento resulta de uma visão política clara do caminho a percorrer para formar o melhor possível os nossos estudantes e eles próprios terem o maior impacto possível na sociedade. É esta política que dia a dia contribui para uma sociedade do conhecimento, mais capaz de enfrentar os desafios futuros; com capacidade de ser mais feliz, saudável e segura. Apesar de reconhecer que há sempre oportunidades de melhoria, trabalhamos todos os dias para ter ao dispor as melhores ferramentas para construir sociedades com oportunidades para todos, sem exceção; para que os sonhos e ambições de cada um se realizem.