É em Barcarena, nas antigas instalações da Fábrica da Pólvora, que funciona um dos polos universitários mais emblemáticos do Município de Oeiras: A Escola Universitária Atlântica.
A funcionar desde 1996, esta Escola Universitária investiu em 2014 num novo reposicionamento, que passou pela aposta em novas áreas de formação (ex: engenharia aeronáutica, engenharia dos materiais e engenharia dos sistemas de fabrico) e pela aposta em formações com uma componente prática muito forte, ligada às preocupações reais do mundo empresarial. Ao mesmo tempo, a Escola Universitária está a investir na internacionalização e na captação de alunos internacionais.
Os resultados deste novo reposicionamento falam por si: os cursos da Atlântica apresentam uma taxa de empregabilidade acima dos 90%. Natália Espírito Santo, Diretora-Geral da Atlântica, explica em entrevista a evolução da Atlântica desde a sua criação e aponta para alguns caminhos para o futuro desta instituição universitária.
“Gostamos de formar pessoas para o mercado de trabalho. A Atlântica sempre teve a preocupação de não ter cursos de “papel e lápis” e aposta desde sempre em cursos muito técnicos, muito práticos, com estágios, com muita praticabilidade para que os alunos tenham empregabilidade direta. E isso, felizmente, tem sido conseguido, com mais de 90% de taxa de empregabilidade em todos os cursos”, afirma a Diretora-Geral da Atlântica, adiantado que alguns cursos, como Enfermagem e Fisioterapia, apresentam taxas de empregabilidade de 100%.
O início
Natália Espírito Santo está na Atlântica desde a sua fundação em 1996. Mas mesmo hoje, passados mais de 20 anos desde o lançamento da instituição, há elementos neste espaço que continuam a maravilhá-la. “Por vezes, chego aqui de manhã e tenho lebres, perdizes e patos ao pé da porta”, sorri. Um fenómeno pouco habitual nos centros urbanos, mas familiar e frequente para quem estuda ou leciona na Atlântica. Isto acontece porque a Escola Universitária funciona nas antigas instalações da Fábrica da Pólvora (entretanto reabilitadas), dentro de um jardim imenso atravessado por uma ribeira. O ambiente que ali se vive é muito diferente dos habituais campus universitários. Natália Espírito Santo explica porquê: “O professor Afonso de Barros foi o primeiro Reitor da Universidade Atlântica e tinha este projeto de criar um campus universitário à imagem e semelhança dos campus anglo-saxónicos, com muita área verdejante. Pensou-se inicialmente em fazer este campus em Cascais, mas o Presidente do Município da altura não abraçou a ideia. Foi então que o Dr. Isaltino Morais, não só resolveu abraçar, cedendo o espaço da antiga Fábrica da Pólvora, como também deu o nome à Universidade”, explica.
Assim nascia na década de 90 a Atlântica, com quatro cursos: gestão do ambiente, gestão territorial urbana, gestão estratégica e gestão de sistema de tecnologia de informação. Em 2001, a Atlântica criou a Escola Superior de Saúde Atlântica, que hoje tem cursos de enfermagem; fisioterapia; ciências da nutrição e osteopatia.
A crise e o renascimento da Atlântica
A crise económica e financeira que abalou o País também teve se fez sentir na Atlântica. No entanto, em 2014 a entrada de um novo investidor na estrutura acionista da Atlântica – a Carbures, um dos principais fornecedores da Airbus e da Boeing e que hoje em dia faz parte da Airtificial– abriu uma nova era da vida da Atlântica.
A entrada da Carbures na estrutura acionista da Atlântica veio permitir à empresa espanhola do setor aeronáutico formar os seus próprios quadros, contratar novos colaboradores altamente especializados e fazer investigação para a empresa. Houve assim um reposicionamento da Atlântica no mercado, com a criação de novas áreas. O core business passou a ser centrado nas engenharias, sobretudo na engenharia aeronáutica, engenharia dos materiais; engenharia dos sistemas de fabrico, sobretudo para a área aeronáutica. “Passámos a fazer parte do cluster aeronáutico português e a fazer parte de projetos de investigação na área da aeronáutica a nível internacional”, afirma a Diretora-Geral da Atlântica.
E há procura por profissionais destas áreas? Natália Espírito Santo garante que sim. “É uma área em franca expansão. Se formos a analisar os dados estatísticos divulgados pela AED (cluster aeronáutico), sabemos que vão ser necessários cerca de 15 mil engenheiros aeronáuticos e de materiais até 2030. Vão ser precisos milhares de pilotos e de tripulantes de cabine. E em Portugal não há profissionais que cheguem para satisfazer estas necessidades. Mesmo a Boeing diz que não consegue crescer em Portugal em algumas áreas porque não há profissionais suficientes”.
Mas a formação na Atlântica não se cinge apenas a esta área. Além das Engenharias e da Escola de Saúde, a Atlântica está também a apostar em áreas inovadoras como a inteligência artificial, a data sicence, big data e ciber-segurança.
O que distingue a Atlântica?
Em sequência do processo de reposicionamento da instituição, a Atlântica apostou numa estratégia diferenciadora quer ao nível das áreas de formações, quer na abordagem de ensino.
“Temos um corpo docente muito próximo dos alunos e que segue, entre outras metodologias, o Ensino por Projeto e Problem Oriented Learning. Os nossos professores são académicos, mas estão também ligados ao mundo empresarial. Isto significa que muitas vezes eles trazem os problemas das empresas para a Atlântica e os alunos resolvem-nos internamente e assim aprendem”, explica a responsável, avançando com alguns exemplos. “A empresa Galucho colocou cá 12 colaboradores para fazerem uma reciclagem de formação. Acabámos por abrir um curso pós-laboral só para eles. Foi com este grupo que abriu a 1ª turma da licenciatura em engenharia de materiais. Sendo que os projetos finais de licenciatura deste grupo são projetos ligados à própria empresa”.
Esta abordagem de proximidade entre o mundo académico e o mundo empresarial é ainda potenciada pelo facto da Atlântica estar inserida no ecossistema do Oeiras Valley, bem perto dos parques empresariais e tecnológicos como o Lagoas Park e o Taguspark. “Ao longo dos últimos anos temos estabelecido várias parcerias com as entidades e os parques do concelho não só para divulgar a Atlântica mas também para estabelecer sinergias”, refere a responsável da Instituição.
A aposta na Internacionalização é também outro fator distintivo da Atlântica, que tem várias parcerias com instituições internacionais que permitem a atração de alunos internacionais para Barcarena. “Em Fisioterapia temos mais de 100 alunos franceses e 60 espanhóis. Temos 20 alunos italianos em Marketing e em Engenharia de Materiais. Também na Atlântica temos um aluno da Gâmbia e outra da Tanzânia na licenciatura da área de IT. Alunos de Hebron no Mestrado de GSTI, alunos brasileiros no Mestrado de Gestão, entre muitos outros alunos de Cabo Verde e Angola”, exemplifica Natália Espírito Santo.
O Futuro das Universidades Privadas
A internacionalização é, na visão da responsável da Atlântica, um dos caminhos do futuro para as universidades privadas. “Dentro de cinco anos, os jovens vão deixar de ocupar todas as vagas que existem no público”. Portanto, o setor privado para sobreviver vai ter de apostar em nichos e tendências que as universidades públicas, por terem estruturas mais pesadas, não conseguem explorar. “O futuro das privadas vai passar pela aposta em nichos de formações que não existem nas universidades públicas, na aposta nos alunos com mais de 23 anos (porque como estamos a falar de ensino pós-laboral, nem todas as universidades públicas querem investir neste segmento) e na aposta nos mercados internacionais”, antevê a Diretora-Geral da Atlântica.
A Atlântica em números
- 1996 – Data de lançamento da Atlântica
- 1200 alunos
- 7 licenciaturas
- 4 mestrados
- 18 pós-graduações (8 pós-graduações em ciências empresariais, 4 pós-graduações em engenharia; 3 pós-graduações em saúde e 3 em sistemas e tecnologias de informação). Mais informações sobre pós graduações disponíveis aqui.