Elisabete Brigadeiro é a coordenadora para a Estratégia Oeiras Ciência e Tecnologia, uma agenda transformadora para a sociedade, que promove a cultura científica e aproxima os munícipes da Ciência desenvolvida no concelho.
A Estratégia Oeiras Ciência e Tecnologia é a estratégia do Município de Oeiras, que desenvolve, coorganiza e financia iniciativas da Câmara e dos parceiros do ecossistema científico de Oeiras.
O objetivo é apoiar a investigação científica feita no concelho, assim como dar acesso a mais e melhor conhecimento, estimulando a participação e o envolvimento dos oeirenses.
Conheça melhor a Estratégia Oeiras Ciência e Tecnologia através das palavras de Elisabete Brigadeiro, o “Rosto da Ciência” que coordena esta estratégia e que ambiciona posicionar Oeiras como a Capital da Ciência e da Inovação até 2025.
Quando e em que contexto surgiu o conceito da Estratégia Oeiras Ciência e Tecnologia?
A Estratégia Oeiras Ciência e Tecnologia foi formalmente apresentada em setembro de 2019 e representa a oportunidade e o enorme desafio de contribuir para a construção de uma sociedade mais conhecedora, participativa e colaborativa.
Assumimos como ponto de partida as dinâmicas pré-existentes, mas hoje os desafios são mais abrangentes e exigem que o território tenha a capacidade de se posicionar nacional e internacionalmente, o que passa por criar uma estratégia ambiciosa que assuma a cultura científico-tecnológica da região e que exerça um amplo apoio e incentivo às atividades de investigação e desenvolvimento e a sua ligação à comunidade.
Em Oeiras, definimos esta estratégia e ativámos o diálogo com as instituições de investigação e ensino, com a comunidade empresarial e com a sociedade civil e assumimo-los como parceiros neste ecossistema, onde circula conhecimento e abertura ao mundo, através da Ciência.
Quais são os propósitos e mais-valias da existência da Estratégia Oeiras Ciência e Tecnologia?
Melhorar a vida das pessoas. Este é sempre o primeiro e principal propósito das políticas públicas. E fazê-lo de forma duradoura e sustentada. Como? Capacitando, valorizando as competências do Município e desenvolvendo nas pessoas uma atitude de apreço e gosto pela Ciência.
Esforçamo-nos para proporcionar uma oferta regular de atividades que estimulem a curiosidade, promovam a cultura científica e aproximem os munícipes da Ciência desenvolvida no Município.
Ao mesmo tempo, elevamos a visibilidade e notoriedade da atividade científica que acontece do concelho de Oeiras e afirmamos o Município como aquele que mais ativamente contribui para a literacia científica da comunidade no país.
Esta estratégia é uma resposta, com dimensão e suporte político objetivo, porque o atual executivo municipal decidiu afetar anualmente 1% do orçamento municipal ao seu desenvolvimento.
Quais são as principais iniciativas que a Estratégia Oeiras Ciência e Tecnologia está a desenvolver?
Estamos já a financiar projetos impactantes, permitindo um apoio estruturado e estruturante à Ciência, preenchendo o hiato entre investigação e a sua aplicação, traduzível em valor económico e social para a região e para o país.
Destaco a aposta na fixação de hubs nas áreas das Ciências da Vida e da Economia azul, os mecanismos de financiamento de investigação de topo e o financiamento de provas de conceito.
Na área da sensibilização e do envolvimento público, destaco os programas Oeiras Educa+, Lab in a Box, Startup Research, Ciência + Cidadã, o Cogito e os António Coutinho Science Awards, como alguns bons exemplos do trabalho que se tem feito com todos os nossos parceiros.
Estes incentivos financeiros, a par das condições muito favoráveis à fixação de empresas e instituições de base científica e tecnológica, permitem alicerçar uma rede sólida de parcerias que nos coloca em condições particularmente boas para responder a novos desafios.
É também de relevar o FIC.A, o Festival Internacional de Ciência, pioneiro em Portugal, do qual o Município de Oeiras é o principal financiador, e que mereceu o alto patrocínio do Presidente da República. Acontecerá nos jardins do Palácio Marquês de Pombal em Oeiras entre 12 e 17 de outubro de 2021.
Este conjunto de iniciativas alicerça a ação municipal e contribui para a pretensão de Oeiras de vir a ser Capital Europeia da Cultura em 2027.
Quais são as expetativas dos munícipes e dos parceiros do Município de Oeiras quanto à Estratégia Oeiras Ciência e Tecnologia?
As pessoas estão mais despertas para a importância e valor da Ciência desde que o Município veio afirmar publicamente a importância de investir nesta área, embora seja também verdade que a pandemia veio dar mais visibilidade à importância da ciência.
Em Oeiras este trabalho é facilitado pela existência de cidadãos exigentes que se atrevem a desafiar e a ser desafiados. São críticos, interventivos e querem que o Município cuide do presente com ética e responsabilidade social. Esperam, por via desta estratégia, ter acesso a mais e melhor conhecimento, que apoie a sua reflexão, as suas escolhas e a sua participação e envolvimento na vida em comunidade.
Os nossos parceiros, por sua vez, esperam que os apoiemos na sua missão de pensar os problemas futuros e de investigar a forma de os resolver, contribuindo para o avanço do conhecimento científico e pondo-o ao serviço do bem-estar da sociedade.
Que balanço faz da Estratégia Oeiras Ciência e Tecnologia desde a sua criação e como perspetiva o seu futuro?
Em primeiro lugar, a Estratégia Oeiras Ciência e Tecnologia veio estimular a relação e o diálogo aberto entre a autarquia e as instituições de investigação e desenvolvimento, as universidades e as empresas, aumentando a cooperação institucional. É um sinal positivo que valoriza o território e que o afirma como exemplo, com potencial demonstrativo, junto dos seus pares a nível nacional e internacional.
Em segundo lugar, encetou uma relação contínua entre ciência e sociedade, valorizando o reconhecimento social da ciência, a promoção da cultura científica e, mais importante, a participação e apropriação pública do conhecimento.
Em terceiro lugar, a identificação da ciência como área de intervenção política, com orçamento e equipa dedicada, apresenta-se como um exemplo de como a inovação e a adaptação devem ser encorajadas através da governação, adotando localmente medidas de política com sério alcance nacional.
Por último, perspetivamos que esta estratégia atraia e fixe talento e crie mais e melhores empregos, indispensáveis ao crescimento qualificado e sustentado e ao bem-estar das pessoas.
Propomo-nos a debater publicamente os resultados e o impacto desta estratégia e a identificar o potencial demonstrativo para os outros municípios.
