O IGC apresentou os resultados sobre a eficácia de vacinas contra a Covid-19 em doentes oncológicos. O estudo demonstra que o tipo de vacina e terapêutica adotada influenciam os resultados no desenvolvimento de anticorpos.
Dos 211 doentes oncológicos envolvidos no estudo coordenado pelo Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), em Oeiras, e pelo Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca E.P.E., 43% desenvolveram anticorpos após a primeira dose de vacina contra a COVID-19, aumentando para 83% após o esquema vacinal estar completo.
No entanto, a percentagem de doentes que desenvolve anticorpos neste período de tempo varia consoante o tipo de vacina administrada e a terapêutica a que são sujeitos.
Este estudo é particularmente urgente por se tratar de uma população com maior risco de desenvolver doença grave por COVID-19 e, muitas vezes, de indivíduos sob terapias imunossupressoras que comprometem o sistema imunitário.
Os dados preliminares do estudo revelam que 90.5% dos doentes oncológicos que foram inoculados com uma vacina de mRNA – Moderna ou Pfizer/BioNTech -, apresentam anticorpos contra o SARS-CoV-2, três semanas após a vacinação completa. Por outro lado, apenas 65% dos doentes que receberam uma vacina de adenovírus – AstraZeneca ou Jansen -, desenvolveram imunidade.
Estudos anteriores, com populações alargadas, indicam que a vacinação completa com a vacina da Pfizer/BioNTech induz a produção de anticorpos em 99,8% dos participantes, enquanto que a vacinação completa com AstraZeneca induz anticorpos em 97.7%.
Uma análise preliminar da resposta a vacinas de mRNA revela que o tipo de terapêutica a que os doentes oncológicos estão sujeitos poderá influenciar a resposta à vacina. Dos doentes sob terapêutica imunossupressora, como quimioterapia e terapêutica-alvo, 88% geraram anticorpos após a conclusão do esquema vacinal enquanto que 98% dos doentes submetidos a outros tipos de terapêuticas produziram anticorpos após a vacinação.
A análise dos níveis de anticorpos mostra uma tendência significativa para valores mais baixos em doentes sob terapêutica imunossupressora comparativamente a doentes com outras terapias.
Os primeiros resultados deste rastreio, foram apresentados no mês de setembro no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO), e revelaram a natureza promissora e inovadora deste estudo.
O próximo passo será a avaliação da persistência da resposta imunitária nestes doentes e sobreviventes de cancro ao longo do tempo, com seguimento de pelo menos um ano.
O INFO-VAC, programa do IGC, procura acompanhar a efetividade das vacinas no mundo real e apoiar as decisões futuras de vacinação, como o tipo de utilização em determinadas populações. A iniciativa surgiu como uma das respostas à pandemia da Fundação Gulbenkian, em parceria com hospitais e autarquias, e tem vindo a monitorizar a efetividade das vacinas contra a COVID-19 em diferentes grupos populacionais reunindo já uma amostra de cerca de 3000 participantes.