Conheça António José Correia, o Rosto da Ciência que coordena a Rede de Estações Náuticas em Portugal.
Em entrevista, partilha a sua experiência enquanto coordenador da Rede de Estações Náuticas, bem como a partilha dos objetivos da Rede e o contributo desta para o desenvolvimento da economia azul. O entrevistado também refere a importância do investimento do Município na tecnologia e na ciência para a concretização de projetos como o Mar Oeiras.
Qual considera ser o principal contributo da Rede de Estações Náuticas para o desenvolvimento da Economia Azul?
Cada Estação Náutica (EN) constitui-se como uma rede de oferta turística náutica de qualidade, organizada a partir da valorização integrada dos recursos náuticos presentes num território, que inclui a oferta de atividades náuticas, alojamento, restauração e outras iniciativas e serviços relevantes para a atração de turistas e outros utilizadores, acrescentando valor e criando experiências diversificadas e integradas.
A Rede abrange todo o território de Portugal Continental, litoral e interior, com presença em todas as regiões e é composta por 38 Estações Náuticas, envolvendo cerca de 1500 parceiros, sendo que cerca de 60% são empresas.
A Rede de Estações Náuticas de Portugal apostou na digitalização através da criação do Portal Nautical Portugal, que tem como principal objetivo agregar todas as informações relativamente às Estações Náuticas, aos seus parceiros, atividades praticadas, agenda náutica e ainda oferta complementar, como restauração e alojamento.
O principal contributo da Rede de EN para o desenvolvimento da Economia Azul prende-se com o fomento e a promoção do turismo náutico sustentável, no plano nacional e internacional, destacando-se a ampla oferta de serviços e atividades relacionadas com as águas litorâneas e interiores prestadas pelos parceiros empresariais.
Portugal tem uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas do mundo. De que modo a Rede de Estações Náuticas contribui para a exploração e aproveitamento do território marítimo português?
A Rede das EN contribui para a exploração e aproveitamento do território marítimo português através da promoção do turismo náutico, incentivando os visitantes a explorar as EN, contribuindo assim para o seu desenvolvimento.
Para além disso, impulsiona o desenvolvimento de atividades náuticas como a vela, surf, mergulho, pesca desportiva, passeios de barco, entre outras, que exploram e aproveitam os recursos do mar português, proporcionando experiências únicas aos residentes e visitantes.
De referir ainda que a exploração sustentável das zonas costeiras é amplamente promovida pela Rede das EN, através do Regulamento de Certificação, incentivando a conservação do meio ambiente marinho e apelando à consciencialização dos visitantes sobre a importância da preservação dos ecossistemas costeiros e da biodiversidade marinha.
Quais os objetivos da Rede de Estações Náuticas para o futuro?
De forma sintética os objetivos para o futuro são os seguintes:
- consolidar e alargar a Rede
- estruturar e promover a oferta
- capacitar os atores da Rede: equipas de coordenação das EN e parceiros empresariais.
A consolidação da Rede passa pelo processo já iniciado de trabalho agregado de EN por regiões:
“Litoral Norte”, “Ria de Aveiro”, “Alentejo” e “Algarve”.
O caso do “Alentejo” é exemplar e pioneiro, traduzido em projetos conjuntos de internacionalização concretizados e em candidaturas.
O alargamento visa corresponder ao interesse crescente de territórios – com maior incidência em águas interiores – por este tipo de estratégia de eficiência coletiva. Por essa razão, está a decorrer até 30 de setembro, a 7ª fase de candidaturas, sendo de referir aqui a que está a ser elaborada pela “OEIRAS VIVA”, já enquadrada no Programa OEIRAS MAR.
O futuro é, com a dimensão que poderemos vir a ter (na ordem das 40 EN), aliado ao trabalho que temos vindo a desenvolver, com o reconhecimento em primeira linha das entidades que coordenam, da Comissão de Avaliação que acompanha, ganharmos notoriedade relativamente ao nosso trabalho.
A estruturação de produto turístico náutico é o maior desafio que se coloca a todas as EN pelo que no quadro da Rede a capacitação neste domínio é prioritária.
O Fórum Oceano, no âmbito das atividades de animação e coordenação da Rede, procurará reeditar o projeto de internacionalização financiado pelo COMPETE, desenvolvendo ações de capacitação e de promoção da oferta em novos mercados. França, Alemanha e Países Baixos foram os mercados alvo do projeto anterior, definidos em articulação com a AICEP e o Turismo de Portugal.
A contínua aposta na digitalização, levar-nos-á a aprofundar o Portal “Nautical Portugal”, que constitui o “driver” da promoção da oferta náutica da Rede.
Enquanto colaborador do Fórum Oceano, qual o balanço que faz das ações dinamizadas ou em desenvolvimento através do programa “Mar Oeiras”?
O balanço que faço é muito positivo e promissor. Positivo, porque desde a sua génese, envolveu as partes interessadas através de um processo participativo e congregador de muitos e diversos atores locais.
Promissor, porque sinto uma grande determinação e um compromisso político forte para que o programa se concretize.
Sinal do que acabo de escrever é o trabalho que está a decorrer de estruturação da Estação Náutica de Oeiras, coordenada pela OEIRAS VIVA e ao qual estamos a dar todo o nosso apoio.
De que forma o investimento em ciência e tecnologia, por parte do Município de Oeiras, tem contribuído para o desenvolvimento de projetos como este?
O conhecimento é condição base para o progresso. E neste domínio, o Município de Oeiras e a sua comunidade, estão na linha da frente. A ambição do “OEIRAS MAR” encontra no ecossistema que o protagoniza – com destaque para o OEIRAS VALLEY – uma âncora sólida, consistente e competente, e premeditória do seu sucesso.