Em 1995 foi criado o Parque Empresarial Quinta da Fonte, instalado em Oeiras, mesmo junto à entrada da auto-estrada A5.
Hoje, 25 anos depois do seu lançamento oficial, o parque empresarial – que é um dos mais emblemáticos de Portugal – está a apostar fortemente na reabilitação dos espaços exteriores (nomeadamente os jardins), na disponibilização de serviços de apoio e de conveniência, na criação de áreas de lazer, e na definição de uma agenda ambiental. Tudo isto com o objetivo de proporcionar uma melhor qualidade de vida às cerca de 5.000 pessoas que ali trabalham. Luís Rocha Antunes, Partner e Diretor Geral da Acacia Point Capital Advisors Portugal, a principal entidade gestora do Parque Quinta da Fonte, explica em entrevista quais são os principais objetivos do parque empresarial para os próximos anos.
Quais são os principais fatores distintivos da Quinta da Fonte face a outros parques?
A Quinta da Fonte tem três vetores chave. Em primeiro lugar, a localização: Estamos junto à entrada principal da auto-estrada A5, o que faz com que a Quinta da Fonte seja o parque com a localização mais conveniente. Em segundo lugar, estamos a uns meros 10 minutos de carro da frente de mar, com os seus restaurantes, universidades e centros urbanos. E, por último, este parque tem uma identidade muito própria: é uma mistura da quinta da fonte original, com uma história muito antiga, com edifícios modernos e versáteis. Este facto faz com que o Parque tenha um cunho arquitetónico muito próprio, que permite às pessoas que aqui trabalham disfrutarem do ar livre.
Quantas empresas estão instaladas na Quinta da Fonte e qual o seu perfil?
A Quinta da Fonte tem cerca de 83 mil m2 em área de escritórios e serviços e trabalham aqui cerca de 5 mil pessoas. O parque está dividido em dois setores (Este e Oeste) e acolhe cerca de 50 empresas nacionais e internacionais de áreas muito diversificadas como a área farmacêutica, tecnológica, energia e também na área das energias renováveis.
Que novos investimentos estão a ser feitos no parque?
Queremos dar mais conforto a quem cá está e a quem nos visita. Nesse sentido, estamos a investir na reabilitação de vários espaços públicos e a criar mais espaços para as pessoas disfrutarem. Ao mesmo tempo, estamos a criar novas áreas de lazer e de apoio, com esplanadas mais amplas e mais protegidas do vento e muitos pontos onde as pessoas podem estar a trabalhar no jardim. Da mesma forma, estamos a criar uma pequena galeria comercial onde vamos ter uma farmácia, uma cafetaria e outras lojas de conveniência; acabámos de inaugurar novos quiosques, produzidos em madeira nacional por uma empresa portuguesa, onde temos um café com esplanada; uma papelaria (com um posto de correios e jogos da Santa Casa) e um centro de cópias. Com estes investimentos e serviços queremos dar um maior conforto e permitir às pessoas que aqui trabalham ter acesso aos serviços básicos do dia-a-dia.
Em termos de metas para o futuro próximo, quais são os grandes objetivos do Parque?
Queremos ser um parque de escritórios de excelência, posicionado na gama média-alta e alta. Não queremos ser um parque indiferenciado. Temos um bom ambiente para dar às empresas. De igual forma, queremos ser uma Quinta da Fonte ambientalmente responsável: Temos uma agenda ambiental ambiciosa, com instalação ampla de carregadores de carros elétricos, com uma política de reciclagem mais apertada, com incorporação de energia fotovoltaica e eólica e melhor performance dos nossos edifícios em termos de pegada de carbono.
O nosso desafio de crescimento está na qualificação dos espaços interiores e exteriores da Quinta da Fonte e fazer com que as pessoas que aqui trabalham sintam que este é um espaço de excelência. Sentimos que muitas das multinacionais e das empresas portuguesas procuram dar qualidade de vida aos seus colaboradores e esta é a nossa aposta. Nesse sentido queremos criar na Quinta da Fonte uma maior interação com a comunidade, como por exemplo um clube de jardinagem e desenvolver o conceito de hortas comunitárias.
Que vantagens reconhece no facto da Quinta Da Fonte estar instalada em Oeiras?
Quando olhamos para o mapa da Área Metropolitana de Lisboa, se fizermos uma análise demográfica, percebemos que Oeiras está no centro da área metropolitana. Temos (em Oeiras) uma boa combinação de espaços de escritório, proximidade ao mar e acesso a uma série de infraestruturas. Temos o fabuloso Parque dos Poetas, que muitas pessoas que trabalham nestes parques de escritórios não conhecem. Temos universidades e centros de investigação. Temos uma enorme visibilidade sobre a auto-estrada. Além destes fatores, consideramos que o concelho de Oeiras tem um posicionamento muito próximo daquele que nós, Quinta da Fonte, queremos ter. Tudo aquilo que está definido na agenda estratégica do Oeiras Valley tem muito a ver com os nossos valores e com a nossa aspiração de sermos um parque melhor.
Como é que a pandemia está a afetar o dia a dia do Parque? E qual a sua opinião sobre o impacto que este fenómeno vai ter nos parques empresariais um pouco por todo o mundo?
Há pouco tempo lançámos uma sondagem às empresas instaladas na Quinta da Fonte sobre as suas intenções de regressarem aos escritórios. O dado mais relevante que sobressaiu é que as empresas estão a colocar em primeiro lugar a segurança das pessoas, dos seus colaboradores. E, como tal, estão a agir de forma ponderada. Por outro lado, na sondagem ficou claro que ainda é muito cedo para definir os padrões daquilo a que nós chamamos de “novo normal”. Ainda não podemos tirar muitas conclusões. Temos ouvido várias tendências: há empresas que dizem que vão precisar de menos espaço físico para os seus escritórios [e apostar no teletrabalho]. Outras empresas referem exatamente o contrário e dizem vão precisar de mais espaço, para garantir a segurança dos seus colaboradores reduzindo a densidade. Temos também empresas que nos dizem que só regressam em setembro.
Penso que vamos passar aqui um tempo de invernia, mas também vejo o enorme potencial que esta pandemia pode ter na mudança, para melhor, dos hábitos das pessoas.
A densidade dos escritórios e as horas de trabalho provavelmente serão melhoradas. O grande desafio é mesmo este: Até agora tínhamos situações com 150 pessoas a trabalharem demasiado juntas umas das outras. Eram 150 pessoas a chegarem à mesma hora e a competirem pelo mesmo lugar de estacionamento. Agora podemos ter as equipas a trabalhar de uma forma faseada, mais interativa e mais produtiva. Mas acredito que as empresas e as pessoas vão sempre precisar de um espaço para interagir e socializar. Todas as crises colocam desafios. Esta crise pode ser o motor para novas e melhores formas de trabalhar.