De um dia para o outro, as salas de aulas das escolas e universidades de todo o País ficaram vazias. O surto do novo coronavírus e a adoção de medidas excecionais decorrentes da declaração do Estado de Emergência levaram à suspensão das aulas presenciais e o ensino à distância tornou-se uma realidade.
Em Barcarena, na Escola Universitária Atlântica, o cenário não foi diferente. Com cerca de 1.200 alunos a frequentar sete licenciaturas, quatro mestrados e 18 pós-graduações, a Atlântica teve, à semelhança das universidades de todo o País, de adaptar rapidamente a sua estrutura e o seu modelo de ensino à nova realidade imposta pela COVID-19.
Neste sentido, a 13 de março, a direção da Atlântica decidiu passar todas as aulas para regime online. Sendo que no dia 14 de março já não se realizaram aulas presenciais – estas só viriam a ser retomadas progressivamente depois de 4 de maio, com a primeira fase do plano de desconfinamento.
Mas o facto de não haver as tradicionais aulas presenciais não significa que a escola universitária tenha parado. Pelo contrário. “Não foi suspenso nenhum curso”, garante Natália Espírito Santo, Diretora-Geral da Atlântica. “Todas as aulas passaram a ser dadas através de Teams, sobretudo, mas também num caso ou outro, através de Zoom ou Skype, com apoio de Moodle”. E, curiosamente, a assistência às aulas por parte dos estudantes até se tornou mais assídua. “A Atlântica tem muitos estudantes trabalhadores que nem sempre conseguiam ir às aulas ou ser pontuais. Eles próprios tiveram que criar o seu espaço de estudo em casa e gerir as aulas – tempo e espaço – com as famílias. A adaptação dos estudantes foi incrível”, explica a Diretora-Geral da Atlântica.
Na verdade, e analisando todo o processo de adaptação à nova realidade, o balanço (apesar de não ter sido um processo pacífico) é positivo. “O impacto, a esta altura, podemos dizer que é até bastante positivo dada a adaptação rápida e eficiente a que obrigou em termos de ensino a distância. Tanto se falava sobre este tema nas instâncias académicas, há anos, sem avanços. A legislação não ajudava e esperamos que seja revista. Foi preciso a pandemia para que se desse este salto enorme”, sublinha Natália do Espírito Santo.
O processo de adaptação
Durante o período de confinamento não foram apenas os alunos e docentes da Atlântica que passaram trabalhar a partir de casa.A passagem ao regime teletrabalho abrangeu cerca de 90% dos colaboradores da escola universitária, com todos os serviços a serem prestados via online, por email, chat ou telefone. Em lay-off passaram apenas os colaboradores que não poderiam desempenhar funções em teletrabalho. Presencialmente mantiveram-se apenas serviços de limpeza e manutenção, num número mínimo: “A nossa preocupação foi o bem-estar e a segurança dos nossos trabalhadores, garantindo sempre o normal (mas diferente) funcionamento da Atlântica, tendo como prioridade a qualidade do serviço prestado aos nossos estudantes. Toda a comunidade académica “vestiu a camisola” Atlântica”, garante Natália do Espírito Santo.
O desenho do regresso à normalidade progressiva da Escola Universitária Atlântica foi definido a 30 de abril. A Diretora-Geral da Atlântica explica o ponto de situação atual: “Os estudantes estão a ter todas as aulas previstas online, as aulas práticas estão a ser retomadas presencialmente com todo o esforço de contenção do vírus e para acautelar as medidas preconizadas de saúde pública e segurança. Os estágios em hospitais foram adiados e recalendarizados. Os exames serão presenciais em junho e os momentos de avaliação contínua continuarão online sempre que tal for possível”.
Crise: Dos desafios à reinvenção
O teletrabalho e a sua conciliação com a gestão familiar têm sido os maiores desafios no atual contexto de pandemia. “No que ao teletrabalho diz respeito, esta experiência está a ser um desafio muito interessante para todos, quer em termos de comunicação interna quer em termos de liderança e de gestão de pessoas. Conseguimos em tempo recorde encontrar tecnologias flexíveis, ferramentas de colaboração à distância que nos permitiram criar novos métodos de trabalho, tal como o demonstrou o Microsoft Teams, que passámos a usar mais regularmente e que tem ajudado trabalhadores e a comunidade educativa a manterem-se produtivos e conectados”, assegura Natália do Espírito Santo. E acrescenta: “O mais desafiante para todos, porém, tem sido a adaptação a esta nova realidade e a conciliação com a gestão familiar. Também a gestão emocional passou a ter um peso distinto. Para a gestão de crise ser bem-sucedida a saúde mental de todos passou a ser uma preocupação também”.
Neste sentido e para promover o bem-estar de todos, a Atlântica passou a fazer mais reuniões entre serviços, organizou sessões de educação postural com o apoio das docentes de fisioterapia, realizou sessões de nutrição com a equipa dos docentes de Ciências da Nutrição e estimulou a realização de formação online, entre outras iniciativas.
Apesar dos constrangimentos e das dificuldades decorrentes do contexto atual, Natália do Espírito Santo acredita que este momento pode ser uma oportunidade para as instituições de ensino se reinventarem. “Esperamos que seja um momento de mudança ao nível da educação em Portugal. O salto foi já dado, é preciso legislar em conformidade”, afirma a Diretora-Geral da Atlântica.
Em Barcarena, as mudanças na formação já se fizeram sentir: “No que à formação diz respeito, considerámos que esta era a altura de nos reinventarmos de certo modo. Criámos novos cursos online em áreas temáticas interessantes para esta época de crise, de curta duração, tal como em Felicidade Organizacional, em Felicidade aplicada à Pessoa, em Marketing Social – SROI e Estratégias de angariação de fundos, etc. Desenvolvemos também a nossa formação pós-graduada na área de Engenharia de Materiais e de Compósitos em e-learning, com aprovação pela Ordem dos Engenheiros”, conclui a Diretora-Geral da Atlântica.