O Lab in a Box (LiB) é um projeto pedagógico do Instituto Gulbenkian de Ciência e tem como principais objetivos a promoção e democratização da ciência.
Presente no Município de Oeiras desde 2019, já formou aproximadamente 50 docentes e impactou diretamente cerca de 2000 alunos.
Conheça melhor este projeto através das palavras de Maria João Verdasca, coordenadora do Programa de Escolas do Instituto Gulbenkian de Ciência e do Lab in a Box.
Um laboratório numa caixa, é a promessa do projeto educativo Lab in a Box. Que projeto é este?
O Lab in a Box (LiB) é um projeto pedagógico do Instituto Gulbenkian de Ciência pensado para desenvolver o espírito crítico, a criatividade e a curiosidade científica. Foca-se na capacitação de docentes para práticas regulares de ensino experimental das ciências e na disponibilização gratuita de todos os materiais necessários para a sua implementação em sala de aula.
Com o apoio do Município de Oeiras, a cada docente participante no projeto oferecemos formação certificada em ensino experimental e um kit com materiais e protocolos práticos relacionados com o currículo letivo. O LiB atua na promoção e democratização da ciência apoiando-se em três 3 grandes eixos:
– Inovação social: através de formações oferecidas à comunidade docente com incentivo a atividades de cocriação com docentes e estudantes e o apoio ao estabelecimento de comunidades autónomas e ativas na implementação e promoção do ensino experimental das ciências.
– Acessibilidade: através do desenvolvimento de recursos pedagógicos acessíveis de forma gratuita a todos os públicos (escolares e não escolares) no website do projeto.
– Sustentabilidade económica e ambiental: preocupação com a utilização de materiais simples, pouco dispendiosos e ambientalmente sustentáveis.
Em resumo, posso dizer que o Lab in a Box é um projeto inovador que permite: i) transformar as aulas de ciências em laboratórios dinâmicos de aprendizagem; ii) aumentar a frequência e a qualidade do ensino experimental nas escolas; iii) criar uma comunidade de docentes entusiasta e mobilizá-la para uma intervenção inovadora no ensino das Ciências.
Foi implementado pela primeira vez, em Cabo Verde, em 2016. Que balanço faz dos últimos 7 anos?
O balanço que faço é mesmo muito positivo! Só em Cabo Verde, Angola e Guiné e com o apoio da Merk Family Foundation foi possível formarmos cerca de 100 docentes que agora replicam as experiências do projeto em salas de aula no continente africano.
Em Portugal, e com o apoio do Município de Oeiras desde 2019, já formamos perto de 50 docentes (1º e 2º ciclo), sendo atualmente um projeto muito acarinhado no concelho. Para o próximo ano letivo, temos dezenas de docentes em lista de espera, o que reflete bem a dimensão e a procura que o Lab in a Box tem no município.
Só no ano passado, a implementação do projeto impactou diretamente cerca de 2000 crianças e jovens cientistas em Oeiras. Este impacto sentiu-se muito para além da sala de aula, uma vez que vários docentes partilharam os materiais do Kit com outros docentes e turmas, e as experiências aprendidas foram apresentadas pelas próprias crianças em feiras de ciência, congressos e nas diferentes escolas dos agrupamentos.
Neste momento, em Portugal, só podemos encontrar o Lab in a Box nas escolas do município de Oeiras. Existem planos para expandir o projeto a outros municípios?
Sim, estamos neste preciso momento a avaliar qual a melhor forma de o fazermos. O nosso objetivo é não só expandir o Lab in a Box a outros municípios, mas também a outros níveis de ensino para além do 1º e 2º ciclo. Nesse sentido, estamos a fazer uma série de esforços.
Apresentámos recentemente o projeto junto da Direção Geral de Educação e submetemos uma candidatura ao Prémio Sonae Educação. Numa primeira fase, a ideia é expandir territorialmente o Lab in a Box ao pré-escolar e também às AECs (atividades de enriquecimento curricular) onde neste momento há uma lacuna no que toca à existência de atividades de cariz científico.
Depois queremos chegar também ao 3º ciclo e secundário. Paralelamente, e na vertente da aprendizagem ao longo da vida, queremos continuar a levar as atividades experimentais investigativas a públicos de todas as idades com foco em comunidades menorizadas, com vista a facilitar o seu acesso à ciência e/ ou à sua reinserção social.
Como é que os munícipes de Oeiras, nomeadamente, pais, professores e alunos, receberam este projeto?
O projeto Lab in a Box está a ser muito bem recebido pela comunidade escolar de Oeiras e é neste momento um projeto estruturante no panorama educativo do município. Prova disso é a lista de espera que temos atualmente (quase o triplo das vagas disponíveis) para frequentar a formação e o entusiasmo em sala de aula sempre que chega o dia de realizar as experiências LiB.
O envolvimento de docentes, estudantes e pais em torno deste projeto ficou bem patente com a realização do I Encontro Lab in a Box, onde perante uma plateia de quase 200 pessoas, crianças de diferentes níveis de ensino apresentaram os projetos de ciência que desenvolveram em sala de aula. O envolvimento da equipa de docentes foi neste último ano muito para além do que é exigido em contexto de formação, havendo um claro sentimento de pertença ao projeto e uma grande motivação para continuar a implementar as experiências LiB.
Para finalizar, o que nos pode dizer da futura geração de cientistas de Oeiras?
As aprendizagens são mais efetivas quando são guiadas pelo interesse e geram emoções, e isso é uma vantagem do projeto Lab in a Box, que o consegue fazer ao colocar as crianças no papel de cientistas a investigar uma determinada situação problema. Para a resolverem terão de colocar questões, levantar hipóteses, fazer previsões e sugerir ideias para as testarem. No final, a ideia é que consigam chegar às conclusões por si próprios e não por algo que lhes foi unilateralmente transmitido.
Desta forma, o Lab in a Box permite criar oportunidades de aprendizagem efetiva e a aquisição de competências como a criatividade, espírito crítico, capacidade de resolução de problemas e ainda o aprender a trabalhar colaborativamente. Com isto, acredito verdadeiramente que a futura geração de cientistas de Oeiras estará mais bem preparada para enfrentar os desafios da nossa sociedade atual em constante mudança, sendo também mais informada e com maior autonomia na altura da tomada de decisão.